segunda-feira, 31 de março de 2008

Horario de verao

Pois é, em Paris também existe horário de verão. Isso significa ter de sair dos lençóis quentinhos uma hora mais cedo, com destino aos 5 graus matinais do exterior...
A primavera teoricamente começou dia 20 de março, mas até agora só vi chuva, poucos dias de sol... Ahh, será que este ano será um daqueles em que não faz calor na Europa?
Esse fim de semana foi uma lástima, só chuva, mas eu me revoltei, catei meu guarda-chuva e fui conhecer as Arènes de Lutèce, que seriam ruínas dos tempos em que os romanos dominaram a França...
Sei lá, não fiquei muito convencida, parecia uma construção não muito antiga... Tô começando a desconfiar que parte da França é um grande cenário feito pra atrair turistas em busca de História :)
Depois fui à Galerie d'histoire naturelle, cheia de bichos empalhados e de crianças, monstrinhooos!!!

quinta-feira, 27 de março de 2008

A volta

Agora é certo: dia 29 de junho eu parto de Paris. Não volto direto para o Brasil, vou antes tirar as merecidas, sem destino certo.
Sabe que ontem à noite, depois que a Marie Pierre disse que já começou a procurar outra pessoa pra ficar no meu lugar, perdi a respiração por alguns segundos, tive aquela sensação de choque, sabe quando você recebe uma péssima notícia e dá um gelo, um vazio no estômago? ...
Peguei o trem, fui até St. Michel, esperar uma amiga, e caminhei até a ponte, de onde dá para ver a catedral de Notre Dame. Fitei a igreja por alguns segundos e me bateu uma tristeeeza... pensar que esse período da minha vida está com os dias contados. Vai ser muito triste o dia da minha partida, tão triste como foi chegar.
Por isso vou começar a programar as minhas férias aqui, pra sair na adrenalina de conhecer outros lugares, sem dar tempo para as lágrimas, para o adeus.

quarta-feira, 26 de março de 2008


Bom, cheguei a Paris, de volta à labuta, depois de três dias de sonho em Londres.

Fui de ônibus, viagem dura, imigração questionando até sobre seus planos além

-vida, mas o fim de semana perfeito, de férias, compensou.

A cidade é linda, nevou muito, muito mesmo, mas isso não impediu que eu aproveitasse a cidade, descobrindo os museus, os pontos principais. Tentei ver a troca da guarda real no Buckingham Palace, mas foi cancelada, devido às condições do tempo. Uma boa desculpa para voltar :)

Conheci uma menina de Hong-Kong no hostel, uma graça de pessoa, como todos os orientais.

Encontrei uma amiga brasileira que mora lá há quatro anos; fomos todas almoçar num restaurante vegetariano no centro da cidade, comprei duas xícaras inglesas de café, enormes e coloridas, vi muita neve, até filmei!

Segunda à noite, 23h, peguei o busão, cheguei terça às 9h30 da manhã na Gare de L'Est, atrasada, mas valeu!

E uma lição ficou: vá de trem, mesmo que você pague um pouco mais caro.

sábado, 22 de março de 2008

Estou em Londres, escrevendo de um cyber perto de onde estou hospedada. Faz muito frio hoje, muito mesmo, e daqui a pouco vou pro hotel, dormir, porque a viagem de ônibus pela madrugada não foi muito fácil.
Primeiro, dois poloneses enchendo a cara dentro do ônibus; depois, pausa para imigração (com direito a um verdadeiro interrogatório sobre meu destino, minhas atividades na França, minha volta ao Brasil...); pausa para pegar o ferry (todo mundo desce do ônibus e fica na area comum, como se fosse um navio mesmo); pausa para pegar as malas, porque, mesmo, quando a gente viaja de ônibus, é obrigatório descer e passar pelo controle estrangeiro).
Ufa... 7 horas de viagem, sem pregar os olhos... Tô cansada, mas já dá pra dizer que a cidade é realmente maravilhosa, muito diferente de Paris, outro estilo.
Legal estar aqui, fazendo minha primeira viagem sozinha de tudo. Mas, ao mesmo tempo, sinto falta de estar com o meu companheiríssimo de viagem, Dr. Mauro, ou com as minhas amigas.
Desde ontem pensei muito na minha mae, que tambem veio sozinha quando passou uns dias em Paris, há uns 8 anos; pensei no meu pai, que ainda não conhece esse lugar; pensei na minha irma mais velha, a Tarsilla, que foi para a Alemanha com uma amigona, a Jéssica; pensei na Fer, que um dia vai seguir meus passos, mas do jeito dela; pensei nos meus amigos Evódio, Ileine, Touche e Leila, que moraram aqui por um tempo.
Bom, o sono tá batendo.
Tchau.

quarta-feira, 19 de março de 2008


Puta saudade da colônia.
Passei uns 2 dias sem vontade de comer, com preguiça de sair de casa, meio cansada. Emagreci uns 3 quilos, ou seja, tudo o que ganhei comendo Nutella nesses 2 meses que estou aqui.
Hoje estou melhor, mas de saco cheio de cuidar das crianças. Fico imaginando como deve ser a cabeça de uma mulher que cuida de crianças a vida toda, de uma baba, sem perspectivas, vida monotona...
Eu estou so de passagem por essa experiência, estou aqui para estudar e conhecer outra cultura e ganho uns tostoes à custa dos pequenos, é como se eu visse certas coisas pela janela de um trem, e dai imagino quao sem sentido deve ser a vida de uma pessoa sem outros planos, sem projetos, que vai passar a vida a cuidar dos filhos de outros, enquanto esses outros vivem, sabe?...
Nao estou desmerecendo a profissao, mas é uma opçao de vida muito restrita, fechada, monotona, triste até.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Hoje é sexta-feira, os pais saíram pra comemorar, e eu fiquei em casa com as crianças. Tranqüilo, porque 21h eu boto todo mundo pra dormir, sem conversa, e eles até não fazem tanta birra como eu imaginava.
Eu até gosto de ficar aqui algumas noites, pois posso usar a internet e o telefone, bem como a geladeira, até a hora deles chegarem... hehehe...
Engraçado lidar com crianças. Eu nunca imaginei que um dia eu pudesse me ocupar disso, mas até que estou pegando o ritmo, embora a convivência com eles tenha reafirmado minha intenção de nao ter os meus. Mas sabe-se lá, né?
Cuidar de três meninos não foi fácil no começo, mas agora, que o bendito tempo passou, estamos nos entendendo melhor.
Faz 2 meses e 13 dias que eu cheguei, meu nivel de francês está bacana, tenho estudado mais, agora que Paris ja não é mais tão novidade, e estou começando a pensar na parte ruim da minha volta, ou seja, trabalho...
Nossa, quantas frases desconexas...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Queria contar um pouco sobre a família com a qual eu moro.
Bom, ela, Marie Pierre, tem 48 anos, três filhos, sendo que o mais novo, Guillaume, tem quase 3 anos, o do meio, Auguste, 6, e o mais velho e mais gentil, Charles, 7 anos. Isso quer dizer que ela começou a ter filhos depois dos 40. E parece que isso é bem comum aqui.
é engenheira, trabalha de segunda a sexta, sai às 8h e volta umas 20h. Pouco fica com os filhos, mas esse pouco tempo, eu acho que é de "qualidade", por assim dizer.
O pai, Jean Marie, deve ter uns 45 - aliás, hoje ele faz anos -, é militar, comandante da armada francesa, pra ser mais precisa. Ou seja, em caso de guerra, eu estou no paraíso... hehehe...
Ele é quem passa mais tempo com os filhos, pelo que me parece, embora saia antes dela pra trabalhar e, à noite, fique no sexto andar umas duas horas pra ver como andam umas tais obras...
O fato é que, fim de semana, ele parte para "o campo" com as crianças, e ela fica. Sempre.
Férias? Ele foi com as crianças, ela ficou. Quando eu cheguei, dia 2 de janeiro, ela estava aqui,
ele, lá, com as crianças. Eu acho meio bizarro, meio normal... Sei lá, pra mim isso é diferente.
As crianças, desde cedo, são acostumadas a andar de metrô, de ônibus, a lidar com gente de fora, como eu, por exemplo, a nounou, a faxineira, que é portuguesa. A educação deles, eu acho diferente. Pelo menos, diferente da minha. Ainda não sei se melhor ou pior, apenas diferente. Agora é preciso esperar que eles cresçam pra tirar uma conclusão.

sábado, 8 de março de 2008


Sabado à noite, fui assistir a uma opera, The Rakes Progress, de Stravinsky, no Opera Garnier. O palacio é deslumbrante, talvez até brega, de tao chique. Tapeçaria vermelha, tudo vermelho e dourado, cheio de afrescos, bem ao estilo francês.
Foi legal, achei que eu nao fosse aproveitar, porque fui sozinha de tudo, mas descobri que esse tipo de programa é bem pra esse tipo de situaçao, quando quer sair e ninguém pode te acompanhar. Onde eu sentei, no segundo andar, das seis pessoas que estavam no mesmo camarote, quatro estavam desacompanhadas.

quinta-feira, 6 de março de 2008

No RER

Vou contar um causo que me sucedeu outro dia.
Sábado passado fui trocar aquele DVD que não funcionou, perto do Centre Pompidou, meio que o centro da cidade.
Peguei o trem, RER, em vez do metrô, pois é bem mais rápido.
Naturalmente, entrei e sentei-me. Uns dez segundos depois, um ser do sexo masculino senta no banco exatamente à minha frente e começa a me encarar. Não, não discretamente, mas na maior cara-de-pau, com direito a sorrisinhos nojentos, e, mesmo que eu olhasse para o além, percebia que ele continuava a me encarar.
Como não podia saltar do trem em movimento, resolvi ficar ali, quieta, contemplando o vagão, sem deixar meu olhar encontrar o dele.
Tudo bem. Chegamos à minha estação, levantei-me para descer e... não é que o ser bizarro levantou também, encarando-me cretinamente; descemos do trem, e ele simplesmente começou a me seguir. Eu mudava de direção, parava do nada e voltava e ele, atrás, como uma sombra...
Enfim, não sei como, consegui despistá-lo.
Fui fazer o que precisava, rodei por lá uma hora mais ou menos e depois passei numa loja pra ver uns pôsteres com imagens da cidade, antes de voltar pra casa. Nesse momento, atrás de mim, ouço uma voz murmurando algo do tipo "Salut, jolie!" et blablablá: era o ser francês, dizendo coisas que eu prefiro não repetir. O sangue me subiu, e eu fui tão estúpida que o cara resolveu ir embora.
Pela primeira vez, senti medo em Paris.

quarta-feira, 5 de março de 2008

L'eau

Ontem à tarde fui comprar um creminho para me ajudar a contornar os estragos causados à pele do meu rosto pelo consumo descontrolado de Nutella... e, de quebra, comprei um hidratante corporal.
Ok, por que eu contei isso? Porque me lembrei de que, quando fui à consulta médica aqui em Paris pra poder dar andamento ao meu titre de séjour, disse ao médico que eu tinha notado minha pele muito ressecada... Muito mesmo, não apenas aquele ressecamento normal, causado pelo frio.
Et voilà, ele disse que, de fato, a água francesa tem um grave probleminha: pedras. Invisíveis, é claro. E eu já tinha mesmo reparado que, na casa onde eu moro, a jarra de vidro, usada pra colocar água da torneira, tem um aspecto meio velho, parece sempre suja, mas não adianta lavar, que aquilo não sai...
Depois de alguns dias, fiquei sabendo que a tal "pedra" é, na verdade, calcário.
E assim descobri por que as francesas jovens são tão bonitas e as mais velhas têm a pele simplesmente destruída, detonada, cheia de rugas.
Um bom motivo pra dizer: Brasil, je t'aime!!

terça-feira, 4 de março de 2008


Experiência desagradável n° 1:
Sábado, toda feliz depois de ter enfim comprado o DVD "Le fabuleux destin d'Amélie Poulain" por míseros 6 euros, resolvi passar no mercado pra comprar alguns quitutes, como vinho, queijo emmental, Coca-Cola e baguete, para acompanhar meu delicioso programa da noite: assistir ao meu filme preferido no aconchego do meu lar parisiense.
E lá fui eu, com duas sacolas à mão, subir seis andares de escada.
Clássico. No terceiro andar, um pé fechou o outro. Acidente: a sacola com o pão e o vinho voou, eu só ouvi o barulho do vidro contra o chão, e a garrafa se desfazendo em três pedaços. Eu parei, por três segundos me bateu um pânico, catei a sacola com o pão encharcado e os pedaços da garrafa, desci correndo até a lixeira, lavando a escadaria com meu doce J. P. Chernet, e meti o saco na lixeira.
Subi contemplando a sujeira que eu teria de limpar, sentindo aquele cheiro delicioso do meu falecido vinho, e fui buscar meu paninho de limpeza.
Enquanto enxugava degrau por degrau (pelo menos eu parei no terceiro), pensei que isso poderia ser alguma espécie de aviso divino, uma presença espiritual, não sei sobre o quê, porque derrubar justamente a sacola com os bíblicos pão e vinho... hum...

Alguns minutos depois...

Experiência desagradável n° 2:
Abro meu novo DVD, coloco pra rodar, toda feliz depois de ter voltado ao mercado e comprado a segunda garrafa de vinho, desta vez sem acidentes pelo percurso, e ... !!! Nada.
Meu PC não tinha a configuração necessária pra rodar o tal DVD...

Fui dormir com raiva, pensando que teria sido melhor se eu tivesse saído, e talvez tenha sido essa a tal mensagem não decifrada...

segunda-feira, 3 de março de 2008


Estava vendo o site da Folha agorinha, temperatura em Sampa, 21 graus. Tá quase lá!
Ontem foi o primeiro domingo do mês. Isso significa museu de graça.
Escolhi Musée d'Orsay e Musée Picasso.
Cheguei razoavelmente cedo ao primeiro: 15 minutinhos de fila e entrei.
Voilà, esse museu é bem legal, interessante mesmo. Mas ele é quase que inteiramente dedicado à pintura... Digo isso porque um museu assim pode facilmente se tornar tedioso, facilmente, mas não esse. Talvez porque o forte não seja a pintura clássica, acadêmica, mas o impressionismo e o expressionismo.
A gente percorre boa parte do museu à espera das últimas salas, com as obras de Renoir (o fascinante "Moulin de la Gallette" - ulaláaa!!!), Van Gogh (Nuit etoilée), Degas, Manet, Monet.
Descobri as obras de Henri de Toulose-Lautrec. Ele não é tão célebre no Brasil, eu mesma nunca tinha ouvido falar (talvez por falta de cultura mesmo), mas as obras dele são genias.
Passei umas quatro horas lá e depois juntei fôlego pra ver o Musée Picasso, bem fraquinho por sinal. As melhores obras dele estão no Centre Pompidou.

Depois voltei pra casa, e começou a chover.