quinta-feira, 6 de março de 2008

No RER

Vou contar um causo que me sucedeu outro dia.
Sábado passado fui trocar aquele DVD que não funcionou, perto do Centre Pompidou, meio que o centro da cidade.
Peguei o trem, RER, em vez do metrô, pois é bem mais rápido.
Naturalmente, entrei e sentei-me. Uns dez segundos depois, um ser do sexo masculino senta no banco exatamente à minha frente e começa a me encarar. Não, não discretamente, mas na maior cara-de-pau, com direito a sorrisinhos nojentos, e, mesmo que eu olhasse para o além, percebia que ele continuava a me encarar.
Como não podia saltar do trem em movimento, resolvi ficar ali, quieta, contemplando o vagão, sem deixar meu olhar encontrar o dele.
Tudo bem. Chegamos à minha estação, levantei-me para descer e... não é que o ser bizarro levantou também, encarando-me cretinamente; descemos do trem, e ele simplesmente começou a me seguir. Eu mudava de direção, parava do nada e voltava e ele, atrás, como uma sombra...
Enfim, não sei como, consegui despistá-lo.
Fui fazer o que precisava, rodei por lá uma hora mais ou menos e depois passei numa loja pra ver uns pôsteres com imagens da cidade, antes de voltar pra casa. Nesse momento, atrás de mim, ouço uma voz murmurando algo do tipo "Salut, jolie!" et blablablá: era o ser francês, dizendo coisas que eu prefiro não repetir. O sangue me subiu, e eu fui tão estúpida que o cara resolveu ir embora.
Pela primeira vez, senti medo em Paris.

Nenhum comentário: